quinta-feira, 25 de agosto de 2016

A vida...



Há acontecimentos que nos levam a refletir, não no momento em que ocorrem mas mais tarde quando o pensamento está livre e nos trás o que aconteceu ao  longo do dia. Geralmente, o pensamento traz-nos as memórias que mais nos marcaram, por um motivo ou por outro. 

Foi o que me aconteceu uma noite destas, ao recordar a conversa que tive com uma amiga sobre o espancamento que envolveu os jovens filhos do Embaixador Iraquiano no nosso país e jovens portugueses. Mas a conversa veio-me à memória não pela violência utilizada que deixou em tão mal estado o jovem (Rubem) português de quinze (15!!!) anos, não pela frieza de tanta violência física reveladora de que os espancadores não tiveram qualquer tipo de humanidade pelo espancado (como se não estivessem a espancar uma vida, um ser igual a eles mesmos!!!!!!) não pelo álcool facilmente adquirido e consumido sem respeito pela lei (jovens 15 e 17 anos), não pelo carro conduzido por um menor (sem respeito pela lei), não por pais de jovens adolescentes permitirem que os filhos andem livremente pela noite dentro... 

A conversa não me veio à cabeça por esses motivos porque já anteriormente tinha refletido, imenso, sobre toda a envolvência e horror dessa tragédia perdida numa noite de Ponte de Sor.
Recordei a conversa devido à dificuldade que senti durante esse diálogo (em que outros temas sociais da atualidade surgiram naturalmente) em articular  a palavra "xenofobia". Dificuldade física não mental.
Foi fácil concluir que tal dificuldade se deveu à falta de "ginástica oral" causada por passar os dias numa quase solidão voluntária, em que raramente saio para me encontrar e conversar com alguém ou encontro pessoas com quem abordar estes temas... Debato-os de mim para mim, num monólogo mental. Leio, informo-me sobre o que me rodeia, ouço, reflito imenso (como todas as pessoas) e o pensamento não pára e todas as palavras fluem livremente e facilmente no mental. Mas articulá-las oralmente também deve ser praticado!!!  Tenho de começar a falar sózinha e em voz alta!!!

Eheh.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Os pobres... de dinheiro.

  
Há dias, numa conversa sobre os incêndios que têm assolado o nosso país, falámos dos factores e comportamentos que poderão estar nas suas origens e nas suas consequências imediatas e futuras, e em termos de desabafo comentei que eu sofro é pelos pobres numa alusão, claro, a quem ficou sem os seus parcos haveres. "Quais pobres? Não vejo pobres nenhuns apenas pessoas sentadas nas esplanadas ou a passearem." Retorquiram-me.

Estas palavras marcaram-me profundamente e vieram-me ao pensamento ao longo de vários dias.

A resposta veio mais tarde. E com ela os rostos que olhei nos meus locais de estágio (Cáritas e EAPN/ Rede anti-pobreza) e nos que olho nos percursos que diariamente palmilho.

Rostos que raramente vejo nos centros comerciais ou nas grandes superfícies. Em esplanadas ou em festas. Rostos que só ALI conheci e amei e respeitei. Rostos que me trazem lágrimas perdidas nas suas histórias de vida. Nas suas necessidades tão básicas. Pobres, é certo, mas tão PESSOAS. Pessoas como eu. Eu como ELAS.

E a resposta para que se não vejam os pobres é só essa: Rostos que raramente se veêm nos centros comerciais ou nas grandes superfícies. Em esplanadas ou em festas. Rostos que se refrescam ao cair da noite nas soleiras das suas portas. Rostos que vivem quase escondidos à percepção da maioria desta sociedade muitas vezes "moribunda" em valores, demasiado ocupada pelo seu umbigo.


sábado, 6 de agosto de 2016

O que me faz SOrriR


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Nestes dias tão quentes, em que sair à rua só deve ser feito pela manhãzinha ou pela noite dentro, o tempo livre é demasiado longo para refletirmos em todas as coisas que nos habitam mas que, nos dias de azáfama, vamos escondendo do pensamento.

Há conversas que ficam. Palavras proferidas que nos assolam nestes momentos de indolência. Uma dessas conversas teve como tema central a insatisfação pessoal que grassa na sociedade. O ter isto mas ambicionar ter também aquilo. O não valorizar o que se tem e valorizar demasiado o que não se tem, AINDA.
O que a VIDA poderia ter sido se determinado passo não tivesse sido trilhado e se, em vez desse passo, tivesse sido escolhido outro caminho.

Tantos SES fazem-me confusão, talvez por viver segundo outra filosofia de vida. Amo cada dia como se fosse o ultimo (sempre com "os pés assentes na terra"). Amo cada segundo, cada paisagem, cada cor... cada aroma, cada gesto. Não consigo imaginar-me tendo percorrido outro caminho porque este é o meu, aquele que eu construí, "decorei", senti... vivi. Este é o resultado das minhas emoções transformadas em ações... a cada dia da minha vida consoante o meu crescimento pessoal e compreensão do que me rodeava... não conseguiria ter feito outro caminho... só se eu fosse outra pessoa.

Quanto a insatisfação pessoal também a senti nos meus anos de jovem adulta em que o sonho ainda comandava o pensamento veloz e desejava que tudo acontecesse rapidamente. Atualmente,  sinto tranquilidade e aceitação pelo que tenho e agradeço todas as bençãos que a vida me deu e as que me possa dar.

O que me faz SOrriR???

Sair com o meu cão, numa tarde ainda quente, olhar uma varanda batida pelo sol e vislumbrar um pardalito a beber água num escorredor dessa varanda... haverá imagem que se iguale em beleza e harmonia??? Haverá riqueza maior? Haverá ambição que se lhe compare???!!!




Que a minha vida seja sempre um poema meu...